Cais do Valongo

O Cais do Valongo foi considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, em 2017, por ser o único vestígio material do desembarque de cerca de 1 milhão de africanos escravizados nas Américas. A candidatura, liderada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Prefeitura do Rio, teve como base um dossiê coordenado pelo antropólogo Milton Guran, que resgata a história do tráfico de escravos na cidade. O reconhecimento coroou um processo que começou em 2011, durante as obras do Porto Maravilha, quando, após escavações, foram encontrados no local milhares de objetos como colares, amuletos, jogos de búzios e outras peças utilizadas em rituais religiosos.

Em 2012, a prefeitura do Rio de Janeiro transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública e o Cais passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.

O IDG se aproximou do Cais do Valongo por meio da área de Relações Comunitárias do Museu do Amanhã, que criou programas e atividades destinados aos moradores, escolas e instituições culturais da região portuária. Um dos principais projetos da área, o Mauá 360º propôs aulas, ações culturais e seminários, entre outros, para que a comunidade pudesse compartilhar e aprofundar o conhecimento sobre essa região, além de debater e participar de suas transformações. A edição de 2017 foi dedicada ao Cais do Valongo.

Em 2018, o Cais do Valongo recebeu uma doação de R$ 2 milhões de um fundo do Consulado Geral dos Estados Unidos para obras de restauração, conservação e consolidação do sítio histórico. O projeto foi lançado em novembro, durante as celebrações da semana da Consciência Negra. O IDG foi escolhido para ser o gestor desta primeira fase de obras, em parceria com o Consulado, apoio e supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e apoio da Prefeitura do Rio através da Secretaria Municipal de Cultura, da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e do Instituto Histórico e da Cultura Afro-Brasileira.

Após fazer o planejamento e dar entrada nos licenciamentos necessários para o início dos trabalhos, o IDG deu início às obras em maio de 2019. Nesta fase, com acompanhamento arqueológico, estão sendo feitos o restauro das ruínas, limpeza, higienização, conservação e consolidação do sítio arqueológico. Nesta primeira etapa, o IDG A previsão de conclusão desta etapa é de seis meses.

Em setembro de 2019, foi lançada a segunda fase de obras no Cais do Valongo, desta vez para melhorias na infraestrutura e sinalização. O sítio histórico ganhará módulos expositivos que contam a sua história e a da região conhecida como Pequena África. Também haverá instalação de guarda-corpo, iluminação cênica monumental, sinalização direcional, sistema de segurança por câmeras, um projeto educativo voltado às escolas da região portuária, além de ações de comunicação para engajar a sociedade sobre a importância histórica do local.

Os recursos para esta segunda fase vieram da State Grid Brazil Holding (SGBH), através da linha de financiamento ISE (Investimentos Sociais de Empresas), disponibilizada pelo BNDES. As obras devem durar até 11 meses.