Com gestão do IDG, Cais do Valongo completa três anos como Patrimônio Mundial da Humanidade

 

O Cais do Valongo completou, neste 9 de julho de 2020, três anos como Patrimônio Mundial da Humanidade. Para celebrar a data, Mãe Celina de Xangô, presidente do Centro Cultural Pequena África, visitou o sítio histórico, que chama de “grande terreiro”. Neste ano, o IDG entregou as obras de restauração, conservação e consolidação no local e finalizou os projetos de guarda-corpo e sinalização. Os de iluminação e dos módulos expositivos estão sendo elaborados, e o projeto educativo foi totalmente reconfigurado para ser iniciado de forma virtual, em razão da pandemia do coronavírus que impediu a realização das ações presenciais, como estava programado.

 

A “Trajetória Educativa” será dividida em módulos com temas como história, memória e descolonização, linguagem e território, entre outros. Tudo será feito em ambiente virtual, com o uso de plataformas que vêm sendo utilizadas em empresas e escolas, e prevê atividades em campo com multiplicadores ao final do programa. O projeto, coordenado pelos educadores Luís Araújo e Jessica Balbino, terá a parceria da Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Cultura e do MUHCAB (Museu de História e Cultura Afro-brasileira), além de outros atores sociais como o Instituto Pretos Novos, a Casa da Tia Ciata, dentre outros, que promovem a valorização e socialização deste importante bem, arqueológico e histórico.

 

Enquanto mãe de santo digo que aqui é um espaço muito importante na minha vida de mulher negra. O Cais do Valongo é nosso grande terreiro

 

"A proposta do projeto é apresentar o Valongo como potência, como espaço que suscite reflexões sobre as memórias e histórias referentes aos negros africanos e afro-brasileiros, memórias estas que foram, e ainda são, socialmente marginalizadas", afirma o educador Luís Araújo.

 

Mãe Celina, parceria do IDG em atividades no Cais do Valongo e também no Museu do Amanhã, disse que, mesmo em meio à pandemia, não poderia deixar passar a data. “Me sinto na obrigação e no dever de estar aqui hoje, trazendo flores e fazendo essa singela homenagem à minha ancestralidade, às minhas matriarcas, que abriram os meus caminhos e a Xangô. Não poderia deixar passar uma data tão importante. Estou nos pés do Cais pedindo por nossa saúde, que nossos ancestrais nos ajudem, nos orientem. O Cais do Valongo é muito disso, é proteção. Enquanto mãe de santo digo que aqui é um espaço muito importante na minha vida de mulher negra. O Cais do Valongo é nosso grande terreiro. O meu grande sonho é fazer uma quizomba aqui, uma grande festa no Cais, que é sinônimo de vida, de luta, de poder e fé”.

 

As obras do IDG no Cais do Valongo se dividem em duas fases. A primeira contou com recursos do Consulado Americano no Rio de Janeiro. Os recursos para esta segunda vieram da State Grid Brazil Holding (SGBH), através da linha de financiamento ISE (Investimentos Sociais de Empresas), disponibilizada pelo BNDES. O IDG foi escolhido para ser o gestor do projeto com apoio e supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e apoio da Prefeitura do Rio através da Secretaria Municipal de Cultura, da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e do Instituto Histórico e da Cultura Afro-Brasileira.